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Nas entrelinhas.

  • Foto do escritor: julio-cesar-braga
    julio-cesar-braga
  • 27 de out. de 2014
  • 3 min de leitura

Este texto tem por objetivo apresentar reflexões com base na crônica "vista cansada" de Otto Lara Resende que, basicamente, nos remete à reavaliar nossa forma de olhar a vida. Muitas vezes estamos tão engodados nos ritos do cotidiano que não nos permitimos enxergar o que nos cerca.

Triste saber que a correria da vida nos impediu de observar as belezas simples, das quais muitas vezes não teremos mais oportunidade de apreciar. Em um piscar de olhos aquela oportunidade ou acontecimento já é passado, e o passado não volta.

Não obstante a isso, podemos estender essa reflexão para outros aspectos de nossa vida. O olhar e não ver que Otto nos apresenta é uma realidade em na sociedade atual. Em qual momento perdemos a sensibilidade de enxergar o que muitas vezes não está posto? Ver nas entrelinhas?

É preciso restituir essa capacidade de ver a vida. De analisar fatos com base em nossa real análise do acontecido, e não apenas influenciados pelo senso comum. Entender que nem sempre a maioria está certa. É necessário um olhar crítico para efetivamente sermos agentes de transformação em nosso território. E não apenas mais um elemento inerte do mesmo.

É preciso sair de nossa zona de conforto e questionar o que se vê e entende-se como verdade absoluta. O questionamento crítico trará luz ao proposto e quem sabe talvez transformar, pela renovação do entendimento, dogmas e paradigmas que regem nossa sociedade, formando valores nem sempre correspondentes ao verídico.

Onde foi que perdemos a pureza da criança que consegue “ver vendo”? Quando perdemos esse olhar atento aos detalhes, sem vícios ou preconceitos?

Precisamos reavaliar nossos conceitos e nossa participação no mundo como cidadãos.

Um bom exercício desse olhar crítico, é a reflexão sobre o curta metragem Ilhas das Flores de Jorge Furtado. O filme tem a temática da fome, e com uma linguagem dinâmica e tratativa passa uma mensagem sobre a vida das pessoas dessa ilha de Porto Alegre.

Olhar atentamente ao contexto, além do que está posto é imprescindível para não errarmos em nossos julgamentos e na construção de nossos argumentos e opiniões. É sabido que as pessoas desse local vivem em condições precárias no que concerne a saúde e alimentação. Porém será que o vídeo mostra a real situação delas? Serei mesmo eu tudo é verdade?

O curta foi um marco para o cinema nacional, indicado a vários prêmios. Contudo nem todos ficaram contentes com a obra de Jorge Furtado. Veja o vídeo abaixo:


Entende que seguir o senso comum é arriscado? Para olhar e realmente ver é preciso despir-se dos preconceitos e das influencias do todo, amplamente enraizada em todos os âmbitos sociais.

Antes de tecer uma imagem das pessoas, por exemplo, baseado no que para nós é verdade, interessante é entender que imagem essa pessoa tem de si mesmo. Talvez tenha sido esse o erro de Furtado no curta.

Apresento aqui um aparte do documentário “Boca do Lixo“ de Eduardo Coutinho. Neste documentário poderemos observar que há orgulho mesmo em ambientes considerados por alguns impossíveis de se viver.

Por fim, concluo esta reflexão, certo de que há várias formas de olhar um mesmo fato. De que devemos ter um olhar crítico sobre tudo bem como construir nossos conceitos, despidos de vícios e preconceitos. Respeitando a condição do outro e o olhar que tem de si mesmo. Quem sabe assim conseguimos impedir que se instale no coração o monstro da indiferença do qual Otto Lara Resende tão sabiamente nos adverte.


 
 
 

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